Como é morar longe da família?
- Amanda Chaves
- 9 de mai. de 2016
- 4 min de leitura
Bem-vindos as aventuras dos choques com o mundo longe da família!!
Vou contar um pouco da minha experiência, as sensações e inquietações, desde a primeira vez que soube que iria me mudar para outra cidade, onde não vivia ninguém da minha família por perto... nem sequer amigos (que também considero de coração como parte da minha família).
Creio que todos nós sonhamos com o grande dia da independência, da liberdade, de morar sozinho... mas, muitas vezes não pensamos nas mudanças e consequências, e muito menos que este momento da vida pode acontecer de modo e tempo diferente do que planejamos.
Quando eu era adolescente, sempre tive o sonho que me aventurar, de ter meu espaço, de conhecer outras cidades, de morar em outros lugares, no entanto, nunca parei para pensar quando realmente isso poderia acontecer e que também teria um lado ruim... a distância da minha família.
Era uma noite de dezembro de 2012...
Eis que sai o resultado de um processo de seleção para ingressar no mestrado...
Eu havia entrado!! A primeira reação foi: MEEEEEEEEU DEUS!!! EU PASSEIIIIII! VOU FAZER MESTRADO!!!
Felicidade sem fim... para mim e para toda minha família. Até o momento em que passou pela cabeça da minha mãe e ela disse: Você vai ter que mudar de cidade? Com os olhos cheios de lágrimas.
No mesmo minuto, toda a alegria que contagiava a minha casa, tornou-se um momento de chororô (não de tristeza, porque estávamos felizes com a minha conquista, mas um sentimento inexplicável... de incertezas e de futuras saudades)
Apesar de saber que não seria fácil, nem para mim e nem para minha família, pois éramos (e ainda somos) muito unidos, sempre tive o apoio de todos e com a cara e com a coragem, me mudei.
Não era uma cidade muito longe da onde minha família morava, mais ou menos 170 km nos separavam.
Como não era exageradamente distante, eu retornava a minha adorável casa todos os fins de semana!!
Confesso, que me fazia de forte para não preocupar meus pais, mas os primeiros dias, primeiras semanas, foram muito difíceis e estranhas.
Chorava ao dormir, por não ter ninguém da minha família para dizer boa noite pessoalmente...
Acordar e não ter o café na mesa também não era muito legal...
Chegar em casa da faculdade e não ter com quem dividir as novas experiências também não era nada fácil...
Mas, todos os fins da tarde, começo da noite, era precioso o tempo que tinha no telefone com minha mãe, meu pai e meus irmãos!
Também tive o apoio de muitos amigos para que eu não desistisse, afinal era um sonho cursar o mestrado e também morar fora (talvez não fosse mais...)
Após 6 meses, voltei a morar com minha família, pois já havia feito as disciplinas do mestrado e somente precisaria viajar algumas vezes (uma ou duas) por mês. Assumo que passei a dar muito mais valor nas pessoas após esta experiência.
Como tudo não são flores, após terminar o mestrado, eu queria muito fazer o doutorado logo em seguida, então tive que prestar os processos seletivos em outras instituições, uma vez que na que fiz meu mestrado não havia doutorado na época.
Era uma manhã de dezembro de 2014...
Eis que sai o resultado de um processo de seleção para ingressar no doutorado (entre os muitos que prestei)...
Eu havia entrado!! A primeira reação foi: EU NÃO ACREDITOOO! EU CONSEGUI!!! JÁ ESTOU NO DOUTORADO!!!
A alegria foi muuuuuuuuuito maior, afinal não é todo mundo que tem a chance de entrar em um doutorado, com apenas 23 anos.
No entanto, a cidade da universidade na qual eu havia ingressado estava situada há 537 km da minha família, mais que o dobro da anterior.
Hoje, continuo no doutorado e vivendo bem longe da minha família...
O desespero foi grande no começo, uma vez que pela distância não poderia voltar todos os fins de semana para casa...
A batalha é diária, acordar sem ninguém por perto, fazer comida sozinha, me locomover sozinha, passar por perrengues sozinha...
Lágrimas, sofrimento e momentos preciosos ao telefone com minha família diários...
Pior ainda é quando temos que retornar de uma visita à sua família, após passar um final de semana grudado com todos, rindo, conversando, comendo juntos...
Parece que tudo voltou a ser como era antes, mas não.... é preciso voltar novamente para a realidade...
Muitos são os desafios, passamos por momentos difíceis, mas morar longe da família e dos amigos nos faz amadurecer!!
Passamos a dar muito mais valor as pessoas, aos momentos, a cada gesto e palavra...
a cada sorriso, a cada abraço, a cada bronca, a cada olhar...
Por isso, valorize cada minuto com sua família, ela é o bem mais precioso que temos!!
Pode ser que ainda não tenha chegado o dia da sua "partida"...
ou que este dia ainda demore a chegar...
ou pode ser que este dia seja amanhã....
Pode ser que seja um sonho seu (assim como era o meu)...
ou que você nunca tenha sonhado com isso...
Mas preciso te dizer que um dia, infelizmente, este dia chegará!!
Se prepare!!
Desde já comece a dar valor em todas as pessoas e momentos de sua vida!
Você ainda entenderá tudo o que te contei aqui :)
Chocada (o) com o mundo?
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